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Domingo, 18 de Maio de 2008

EXCERTOS DA PRODUÇÃO LITERÁRIA DOS SURREAL NO ÂMBITO DA SUA PARTICIPAÇÃO NO CONCURSO LITERÁRIO 2008

                                                           IV 

 

            O Patas aguardara com alguma ânsia a descida súbita de Maria. Ouviu um zumbido estranho mas algo familiar. Era a abelha Margarida que esvoaçava alegremente, trazendo consigo o papel que continha a lista de afazeres a realizar na colmeia. Procurava atentamente qual a flor mais deliciosa e suculenta. De repente, deparou-se com o Patas. Ele nunca lhe fizera nada, mas tinha ouvido dizer muito mal dele. Diziam que ele era mau, horrendo, feio, monstruoso… - Uma quantidade de adjectivos menos bons. – Sussurrou a pequena abelha para si própria com medo que ele ouvisse e, então, começasse a ver que aqueles nomes que lhe chamavam eram mesmo verdadeiros.

            - Então mas aquela parvinha voadora nunca mais desce? – Perguntou o Patas irritado. – Se demorar muito vou à procura do Sete-Cores! Esse ainda é mais apetitoso! Ahahahah!!

            Maria e Sete-Cores encontravam-se, agora, na casinha do pequeno pássaro. Falavam sobre a importância de pessoas justas e correctas. Falavam, também, daquelas meninas e meninos bondosos que os ajudavam quando algo de mal lhes acontecia.

            - Num dia do Inverno passado parti uma patinha e fiquei muito magoado. – Interrompeu o Sete-Cores. - Foi um menino que me ajudou. Levou-me para sua casa, e atou-me a pata ferida. Foi à procura de uma mantinha quente e embrulhou-me a ela. Fez-me festinhas até que eu adormecesse. Então sonhei que já podia voar outra vez. Sonhei que tinha encontrado uma gaivota muito linda. Falámos durante muito tempo! Muito mesmo! Até trocamos os números de telefone e os endereços electrónicos.

            Fez-se silêncio durante uns segundos e, em seguida, o passarinho exclamou muito envergonhado:

            - Ohh, não te rias Mariazinha! Maria nem teve oportunidade de dizer nada. Só mesmo de se rir às gargalhadas. Sete-Cores recompôs-se logo da timidez que o invadira, e continuou a contar o sonho cheio de alegria:

            - Ela era mesmo simpática. Trazia vestido um vestido preto brilhante, e os seus olhos eram meigos e luminosos. Ai! Acho que fiquei, fiqu….

            - Apaixonado! – Exclamou a borboleta! – Ficaste derretido por uma companheira de voo! Ahahahah!

            Maria nem conseguiu acabar correctamente aquela frase, pois ainda não se parara de rir. Nunca tinha imaginado que o seu amigo, pequenino e envergonhado, pudesse ter tido um sonho tão lindo e sentimental. Mas, de repente, Maria notou uma tristeza profunda no olhar do seu amigo. Mas não comentou nada. Esperou que fosse ele a expressar o que sentia.

            - Sabes Maria, a linda e apaixonante gaivota Belmira já era comprometida! Nem tu imaginas com quem…

            - Com quem? – Perguntou Maria curiosa.

            - Com o Pedro. O irmão da Margarida.

            Então aí é que a casa esteve para vir abaixo com as gargalhadas da Maria! Maria não conseguira imaginar uma relação de amor entre o desastrado e namorisqueiro do Pedro, e uma gaivota elegante, fosse ela quem fosse. O Sete-Cores ao ver a reacção de Maria, e ao aperceber-se que aquilo não passara de um mero e simples sonho, compartilhou do seu estado de alegria. E, em conjunto, riram-se os dois durante uns largos minutos.

            - Mas depois dessa desastrosa notícia acordei. O menino ainda estava a meu lado. Também tinha adormecido. A minha patinha já estava um pouco melhor. Então levantei-me devagarinho, em biquinhos de pés para não o acordar, e fui até à janela. Já não nevava, e ainda bem! Assim já não corria riscos de partir mais uma patinha! – Exclamou o passarinho todo contente. Depois continuou de um só fôlego:

            - Mas sabes o que encontrei? Uma gaiola de passarinhos, ao fundo do jardim. Eram muito parecidos comigo.

            - Hum… Eram? E então, não foste falar com eles? Podiam pertencer-te ainda alguma coisa. Talvez primos, quem sabe... – Especulou a borboleta.

            - Não pude ir. A janela da sala estava fechada. Mas quando o menino acordou, viu que eu já estava melhor e abriu-me a janela para tentar voar. Só que não consegui. Acabei por cair nas mãozinhas do menino, que, com cuidado, me amparava docilmente.

            O diálogo amigável dos dois amigos nunca mais tinha fim. O passarinho acabou por contar à sua amiga quando saíra daquela sala já a voar, recuperado completamente. Contou também que agradeceu ao menino com um simples raminho de oliveira que colhera mesmo ao lado de sua casa.

            - Sei que não foi uma retribuição muito generosa, mas fui o que eu encontrei para poder dar. Aliás, foi mesmo a única coisa que pude dar. Não tinha nem tenho mais nada. – Disse o passarinho.

            - Tens. Tem sim. – Afirmou a borboleta. – Tens a sinceridade do teu coração. Já imaginaste que pudeste ter dado àquele menino um momento feliz?

            - Um momento feliz? Ele ainda teve de me ajudar, ainda teve de perder tempo comigo. – Disse o Sete-Cores.

            - Quando se ajuda alguém, nem que seja por muito tempo, nunca será tempo perdido. Será sempre uma prova que o tempo que dispensamos é demasiado importante para nós, logo também será importante para aqueles que ajudarmos.

            E Maria não se enganou. Além do menino ter ajudado o passarinho quando ele mais precisou, também o Sete-Cores devolveu ao menino um sorriso de que tanto precisara. O menino tinha perdido a sua melhor amiga, para sempre. Mas de uma coisa ele tinha a certeza: sua mãe já descansara no céu.

           

 

 

Sinto-me: UMA POETISA DE RENOME ...
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Publicado por $urrealHumanity às 15:36
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