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Quarta-feira, 16 de Abril de 2008

DOSSIER "APRENDER NO SÉCULO XXI" * BOAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS * PARTE III

 

 

Cá estamos nós de regresso ao nosso Dossier "Aprendre au XXIe siècle" ...

 

Qual a explicação a dar para sustentar a espectacular adapatção do cérebro humano ao processo da leitura ? Haverá algum espécie de programação prévia ?

O neurocientista Stanislas Dehaene, que já tivemos a ocasião de vos apresentar na passada segunda-feira, sugere-nos um recuo no processo selectivo de evolução. Na realidade, a linguagem dita falada, um delicado processo de desenvoltura, há, pelo menos, duzentos mil anos a esta parte, beneficiou, indiscutivelmente, de uma evolução selectiva, que permitiu ao cérebro humano adapatar-se mediante a formação de estruturas cerebrais próprias à língua verbalizada.

 

 

Já da parte da escrita, as coisas passaram-se de uma outra forma, tanto mais que constitui uma invenção cultural, relativamente, recente - cerca de oito mil anos, apenas.

Daí, que se possa inferir o facto de não ter sido o nosso cérebro a evoluir, para solicitar o aparecimento da escrita, mas sim, o sistema cultural direccionada à escrita a evoluir, por forma a se adaptar, progressivamente, ao cérebro.

 

 

 

 

O sistema visual de todos os primatas foi-se adaptando  a determinadas regularidades presentes no ambiente envolvente, por via de neurónios altamente especializados no seu próprio reconhecimento. Aqueles que, antes de nós, conceberam os diversos sistemas de escrita, fizeram-no através da sua paulatina simplificação, com o intuito de obter "formas minimalistas" das respectivas letras, muito mais ajustadas ao nosso sistema nervoso e bem mais simples de desenhar. Na verdade, muito antes de detectar e de analisar as letras e as palavras, os neurónios foram-se especializando no reconhecimento dos objectos.

 

 

Olhado na perspectiva da aprendizagem da criança, o que sucede é que o "aprendiz de leitor" desencadeia todo um mecanismo de reciclagem funcional, de uma parte dos neurónios afectos ao sistema visual, e potencia a sua especialização, precisamente,  para a leitura. A activação cerebral vai, pouco a pouco, focalizando-se sobre a zona occipito-temporal esquerda, assumindo-se, assim, como um autêntico marco biológico da aprendizagem da leitura.

 

 

Uma das mais interessantes implicações no processo de ensino-aprendizagem é perceber que o rebatido princípio da individualização ou personalização, do método de aprendizagem, deixa de ser uma boa prática para passar a ser encarada como algo de ultrapassada. E mais : um dos resultados mais surpreendentes foi ter podido concluir, que a percepção das palavras nos remete sempre, independentemente da cultura e do lugar de proveniência dos leitores, para a mesma zona de estimulação cerebral.

Mesmo para os casos da língua hebraica e da chinesa, com as suas características próprias, aliás já bem tipificadas, as únicas alterações dignas de registo, apenas se referem à intensidade e à superfície de activação dirigida.

 

Teremos reinventado um Sir Darwin vitalista, mas universalizado ?

É caso para, agora, nos questionarmos quanto às verdadeiras e sérias aplicações pedagógicas de tais revolucionárias descobertas ...

Por esta altura, as principais orientações de aplicação da nova ciência da leitura emergente, envolvem a escolha de métodos de ensino-aprendizagem que facilitem, naturalmente, - só faria sentido que assim fosse, face ao quadro já dado a conhecer - o dito processo de reciclagem neuronal, e, por conseguinte, a própria especialização cerebral. 

 

Note-se bem, a este particular propósito, que os exercícios práticos considerados mais eficazes fazem concentrar as atenções das crianças nas unidades gráficas das palavras, nos caracteres, nos grafemas complexos, nos perfixos, nos sufixos, favorecendo a via da correspondência fonológica e lexical. Os ganhos de autonomia são, incomparavelmente, maiores : veja-se que, mal a criança seja capaz de descodificar letras ou sons, ele pode entrar num processo estimulante de auto-aprendizagem, por meio da identificação de novas palavras a partir dos seus próprios conhecimentos.

 

 

 

Tais boas práticas, começando por patamares de baixa dificuldade e progredindo até aos de maior grau, desde logo, caracterizam-se por proporcionar, ao educando, um enorme espaço de criatividade e de liberdade : decompor palavras conhecidas (método analítico), emparelhar letras (método sintético), colorir, transladar, cortar, escrever, ou mesmo contornar as letras, são algumas das enormes possibilidades em aberto.

 

Não restem dúvidas a ninguém de que muitas incógnitas permanecem imersas em profundo mistério, no momento presente ; pelo que impera continuar a desenvolver esforços consideráveis, no processo de investigação em curso, e acreditar que é possível chegar a bom porto. As nossas crianças e jovens necessitam, urgentemente, que compreendamos a sua arquitectura cerebral, só assim poderemos alcançar níveis de excelência no desempenho didáctico e pedgógico dos professores ...

 

 

 

Seja como for, os SurrealHumanity terminam, hoje, a sua publicação, aconselhando todos os educadores e pais, em geral, no sentido de, precocemente, incentivarem as crianças a contornar repetidamente  as letras : os frutos a colher, mais tarde, podem vir a mostrar-se muito suculentos - o chamado Método Montessori, seguido, por muitos, há largos anos ...

 

Para finalizar, fiquem com um magnífico cérebro surreal(ista) pintado por Salvador Dali, um dos maiores pintores ibéricos de sempre !

       Adaptado cf. "Dossier Aprendre au XXIe siècle", Artigo "Le recyclage des neurones de la lecture", Revista Le Monde de l´Intelligence, Edição de Janeiro-Fevereiro-Março de 2008, Nº 11, pp 12 -18

Sinto-me: PEDAGOGICAMENTE UM LITERATO
Publicado por $urrealHumanity às 18:09
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